Revisão sistemática é um tipo de revisão que se propõe a responder uma pergunta específica de forma objetiva e imparcial. Para isso utiliza métodos sistemáticos e definidos a priori na identificação e seleção dos estudos, extração dos dados e análise dos resultados.
Publicamos em nosso blog rotineiramente diversos tópicos em revisão sistemática e metanálise. Porém, acabamos não nos atentando para a necessidade de um texto introdutório, com definições básicas, para auxiliar nossos leitores que estão iniciando neste assunto. Esperamos alcançar esse objetivo neste post!
Revisão Sistemática
Há dois tipos principais de revisões: narrativas e sistemáticas. Revisões narrativas não utilizam metodologia definida a priori para seu desenvolvimento, ficando a cargo dos autores a identificação e seleção de estudos, sua análise e interpretação. Dessa forma, a revisão pode refletir o ponto de vista dos autores ou seus conflitos de interesse (de cunho financeiro ou não), e os artigos referenciados podem ter sido escolhidos com base a defender esses argumentos.
A revisão sistemática, por sua vez, é um método utilizado na avaliação de um conjunto de dados provenientes de diferentes estudos. Busca coletar toda a evidência empírica que se encaixa em critérios de elegibilidade pré-definidos, com o objetivo de responder uma questão específica. Utiliza métodos sistemáticos que são selecionados com o objetivo de minimizar vieses, assim fornecendo resultados mais confiáveis, com os quais conclusões podem ser feitas e decisões tomadas. Dessa forma é o método principal de síntese de evidências, sendo essas revisões geralmente utilizadas para a elaboração de avaliações de tecnologias de saúde, diretrizes clínico-assistenciais e geralmente solicitadas para pedidos de análise de incorporação.
Revisões sistemática podem possuir grau variável de qualidade, dependendo do método utilizado e da experiência no uso dessas metodologias do grupo que conduziu a revisão. Alguns aspectos principais de uma revisão sistemática de boa qualidade são:
- Desenvolvimento e publicação de protocolo a priori;
- Busca ampla de artigos, com estratégia de busca sensível (grande gama de termos), em diferentes bases de dados, com busca adicional por estudos não publicados;
- Avaliação da qualidade dos estudos incluídos;
- Busca, seleção e extração de dados por dois pesquisadores independentes;
- Uso adequado de técnicas meta-analíticas para análise dos resultados.
Há também, bastante emergente, o conceito de revisões rápidas (rapid reviews), que geralmente consistem em revisões sistemáticas com menor rigor metodológico, permitindo sua execução em um tempo menor e com menor uso de recursos. A forma de execução é variável e geralmente envolve avaliação de um menor número de desfechos, seleção de estudos e extração de dados por apenas um pesquisador e busca de artigos em uma base de dados apenas, com restrição para publicações em inglês.
Etapas de uma revisão sistemática
As etapas na condução de uma revisão sistemática estão apresentadas na tabela a seguir e são semelhantes às de qualquer outro projeto de pesquisa: envolve a formulação do problema, coleta e análise de dados e interpretação dos resultados. Da mesma forma, um protocolo de estudo detalhado, com especificação dos objetivos, dos subgrupos de interesse, dos métodos e critérios a serem empregados para a identificação e seleção dos estudos relevantes, extração e análise dos dados, deve preceder a elaboração da revisão. A importância disso está em evitar que as decisões sejam influenciadas pelos dados coletados. Alterações posteriores no protocolo deverão ser especificadas e justificadas.
Quando os estudos incluídos em uma revisão sistemática são semelhantes entre si, em especial, avaliando mesmos desfechos em saúde, pode ser realizada metanálise. Metanálise é um método estatístico para agregar os resultados de dois ou mais estudos independentes, sobre uma mesma questão de pesquisa, combinando resultados em uma medida sumária.
Metanálises podem ser realizadas tanto para desfechos categóricos, como morte ou hospitalização, assim como para desfechos contínuos, como escalas de dor e valores de exames laboratoriais. Os resultados de uma metanálise geralmente são apresentados em um gráfico chamado forest plot, como o exemplo abaixo. Nesse gráfico, são apresentados dos dados individuais de cada estudo para um dado desfecho, e, ao final, a medida agregada. Uma das grandes vantagens da metanálise é o aumento na precisão das estimativas, uma vez que combina amostra e eventos de diferentes estudos. Nesse exemplo, a medida sumária é um Odds Ratio de 0,19 (IC95% 0,11 a 0,34). Observe como o intervalo de confiança dessa medida sumária é mais estreito do que dos estudos individuais, resultado em ganho de precisão.
Como aprender mais sobre revisão sistemática e metanálise
Um bom passo é acompanhar nosso blog, onde disponibilizamos periodicamente materiais sobre esse assunto. Atualizações são sempre divulgadas via Facebook. Também há vários livros bons sobre o assunto: nesse post fazemos a revisão de alguns dos principais livros sobre o tópico. Estamos progressivamente construindo uma WIKI sobre o assunto, acesse também.
A HTAnalyze oferece cursos de revisão sistemática e metanálise para profissionais de todas as áreas e de todos os níveis, tanto na modalidade aberta quanto fechada para empresas ou grupos.
Os próximos cursos introdutórios de revisão sistemática e metanálise serão em São Paulo nos dias 23 e 24 de fevereiro de 2018 e em Porto Alegre nos dias 23 e 24 de março de 2018. Clique aqui e saiba mais sobre datas, valores e programas!
Deixe uma resposta