Em estudos de custo-efetividade, o resultado é expresso através da métrica razão de custo-efetividade incremental, onde o numerador da razão é uma unidade monetária e o denominador, uma unidade de desfecho. Por exemplo, se tivéssemos um estudo que tenha comparado uma nova medicação contra câncer versus o tratamento convencional, e tenha chegado a um resultado de R$ 25.000 por ano de vida salvo, isto quer dizer que, ao optar pela nova medicação, se gastaria em média R$ 25.000 por paciente para que o mesmo vivesse um ano de vida a mais, na comparação com o tratamento convencional.
A pergunta subsequente que deve ser feita é: podemos considerar este valor como sendo custo-efetivo?
Para tentar responder esta pergunta, o sócio-diretor da HTAnalyze Rodrigo Ribeiro coordenou um painel temático no último congresso latino-americano da International Society For Pharmacoeconomics and Outcomes Research (ISPOR), em Santiago do Chile. No painel, intitulado Dificuldades no Estabelecimento de Limiares de Disposição a Pagar na América Latina – Quais São Os Possíveis Caminhos?, foram convidados representantes de três países latino-americanos (Argentina, Chile e Brasil) para aprofundar essa questão.
A primeira apresentação, do professor argentino Federico Augustovski, apresentou estudo conduzido na Argentina no qual foram calculados custos e produtividade de sistemas de saúde de vários países. O racional seria de que, considerando que um país hoje tenha determinada produção em saúde, expressa em valores gastos para obter determinado desfecho em saúde, novas tecnologias deveriam ser incorporadas quando mostrassem resultados mais eficientes que tal valor atual. Os cálculos apresentados mostram valores variados nos diferentes países da América Latina, com um desembolso para cada QALY (quality adjusted life-year, ou ano de vida ajustado pela qualidade) ao redor de 1 PIB per capita no Brasil, 0,7 PIB per capita na Argentina e 0,5 PIB per capita no Peru.
Na segunda palestra, da economista Marianela Castillo-Riquelme, do Ministério da Saúde do Chile, foi mostrada o entendimento chileno sobre o valor de limiar de disposição a pagar por tecnologias naquele país. A definição do limiar chileno partiu de uma sugestão da OMS (Organização Mundial da Saúde), onde tecnologias com relação de custo-efetividade incremental abaixo de 1 PIB per capita por QALY seriam custo-efetivas. Este foi o valor adotado pelo Chile, onde atualmente é equivalente a cerca de US$ 14.000.
Na última apresentação, da economista Vania Canuto Santos, do Ministério da Saúde do Brasil, primeiramente foi apresentado o fluxo de incorporação de tecnologias no Brasil, o qual já foi tema de uma publicação anterior do blog da HTAnalyze. Posteriormente, pontuando que o Brasil ainda não possui um limiar de disposição a pagar, foram discutidos alguns estudos futuros que poderão auxiliar em tal determinação.
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Ola, gostei do artigo, aguardo mais dicas como esta. Para mim que estou começando agora são dicas muito importantes.