Metanálise em rede (network meta-analysis), Parte 4: Interpretando os resultados de uma metanálise de comparações diretas e indiretas.

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Antes de ler este post, é recomendável a leitura dos nossos três posts anteriores sobre comparações indiretas e metanálise em rede.

Após a realização das análises por mixed treatment comparisons, agregando toda evidência direta e indireta disponível, teremos riscos relativos (ou outras medidas de efeito) na comparação de todos os pares de tratamento. A figura abaixo é oriunda de uma metanálise de fármacos para tratamento de depressão, onde existiam doze opções terapêuticas. Dois desfechos são mostrados: no triângulo inferior, a eficácia na redução dos sintomas depressivos; no triângulo superior, a aceitabilidade da droga (isto é, o quão bem os pacientes toleraram a mesma).

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Como interpretar um cenário com esta complexidade? Podemos ver com razoável clareza que o fármaco REB (reboxetina) tem eficácia menor que os demais, já que os riscos relativos de cada um dos outros fármacos na comparação com este mostram resultados clinicamente melhores com significância estatística. Porém, dentre os outros onze fármacos, algum aparece claramente como melhor opção? Existem riscos relativos mostrando superioridade em algumas comparações, mas certamente não é nada fácil fazer um julgamento muito assertivo com uma quantidade tão grande de comparações.

A figura no topo da página mostra o outro output principal de uma metanálise em rede realizada com a técnica de MTC: o ranqueamento das alternativas, em termos de probabilidade de ser o melhor tratamento. Neste cenário em particular, onde as duas informações (eficácia e tolerabilidade) são um tanto complementares para o julgamento de qual o melhor fármaco, temos dois então dois rankings, com as linhas vermelhas sólidas mostrando a eficácia e as linhas azuis tracejadas mostrando tolerabilidade. No eixo Y de cada gráfico, temos a probabilidade; já no eixo X, temos a posição no ranking – sendo a posição mais à esquerda o primeiro lugar no ranking e a posição mais à direita, o último lugar.

Vamos examinar primeiramente a reboxetina (figura mais à esquerda da linha debaixo): como podemos ver, a linha vermelha tem o mais alto pico bem à direita dentre os 12 fármacos, mostrando que ela possui uma alta probabilidade (cerca de 60%) de ser as 12ª melhor alternativa (ou seja, a pior) dentre as opções estudadas. Por outro lado, a mirtazapina (linha debaixo, terceira da esquerda para a direita) tem o maior pico de probabilidade de ser a alternativa com maior eficácia (cerca de 50% de probabilidade), seguida pelo escitalopran (linha de cima, figura mais à direita – probabilidade de aproximadamente 30%). Por outro lado, a mirtazapina não tem uma probabilidade alta de ser o 1º do ranking em termos de tolerabilidade, conforme podemos ver pela sua linha azul – ao passo que o escitalopran é justamente a alternativa com maior probabilidade dentre as doze de ser a melhor tolerável (cerca de 40%). A sertralina também parece ter uma probabilidade de estar entre as melhores opções tanto em termos de eficácia como tolerabilidade.

Quer sabem mais sobre metanálise de comparações múltiplas? Venha para o nosso próximo curso sobre o assunto, em 3 de setembro de 2016.

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